terça-feira, 4 de setembro de 2007

Dia 4/9 [19:00-19:25] TC C3A1-136 Web 2.0, E-learning 2.0, EAD 2.0: Para Onde Caminha a Educação a Distância?

Já era noite e praticamente o final de mais um longo dia de congresso, mesmo assim, o Professor Emilio Voigt apresentou para uma sala lotada os conceitos da chamada Web 2.0 e suas possíveis aplicações no e-learning. Tema aliás que também foi abordado na apresentação do Professor Michael G. Moore,“Web 2.0: Miracle or Metamorphosis?”, realizada no dia anterior.

Além de falar das características gerais dessa “nova web”, como descentralização da produção do conteúdo, web como plataforma e folksonomia, Voigt destacou o potencial educacional de ferramentas como blog, wiki e podcast. (veja slide).

Por fim, colocou algumas questões que a EAD deve considerar, entre as quais eu destaco:
• Considerar web 2.0 e “nativos digitais”
• Socialização e participação coletiva precisam ser motivadas
• É preciso criar redes de aprendizagem
• Estudante como produtor de material didático
• Como combinar aprendizado informal com exigências curriculares?
• Remixagem = versão tolerada do copiar e colar?

Veja na íntegra a apresentação em Power Point. Caso não consiga visualizar a apresentação abaixo, clique aqui.

[04/09 19h-19h25] TC C3A1 066 “Trabalho colaborativo e o apoio tecnológico como estratégia de pesquisa...” - Cláudio André, USP

O apresentador desafiou a audiência com a questão: como lidar com o fluxo de informação imenso ofertado por meio da Internet? Que estratégias e competências os professores devem ter para lidar com essa questão? O palestrante apresentou uma experiência de utilização das TICs para favorecer a pesquisa e construção colaborativa de uma base bibliográfica estruturada, incrementada por resumos, comentários e outras informações, e o benefício desse processo para a formação de professores. Ao mesmo tempo em que os professores pesquisavam, liam a bibliografia, aprendiam sobre o tema em questão.

[17:00 - 17:25] TC C1B2 - 061 Caderno de Orientação Didática para Informática Educativa: Produção Colaborativa Via Internet

O caderno Ler e Escrever - Tecnologia na Educação tem como objetivo contribuir para a melhoria da qualidade da educação pública brasileira. Este projeto tem como desafio o uso pedagógico da internet: planejamento, objetivos, registro, avaliação, aprendizagem, letramento digital. Sua metodologia baseia-se na reflexão sobre a ação. Sistematização de boas práticas. Reflexão sobre as aprendizagens do Letramento digital. Como produto final os cursistas criam um guia de orientação em forma de caderno. Exercício da Internet como espaço de formação, colaboração e produção de conhecimento.
Educarede: A porta aberta para a educação
Acesse o portal e confira os trabalhos já produzidos: www.educarede.org.br Vale a pena conferir!!!

[04/09 16h30-16h55] – TC C5A1 229 – “Dinâmicas colaborativas no EOL – estado da arte” - Ana Barbosa – UFJF

A profa. Ana Barbosa apresentou o resultado de um levantamento bibliográfico abrangendo 5 edições dos Congressos da ABED (de 2001 a 2005). Identificou que 58% dos trabalhos abordaram alguma forma de colaboração. Dentre esses trabalhos, 57% abordam questões teóricas, 37% relatos de experiência e 6%, o desenvolvimento de sistemas (os percentuais são arredondados). O levantamento identificou o aumento de trabalhos sobre o tema da colaboração nos últimos anos, sobretudo estudos teóricos e estudos de caso. Grande parte dos trabalhos envolve as áreas de engenharia, computação e de saúde. Destacou que muitos trabalhos não fazem uma diferenciação entre os conceitos de colaboração e cooperação. É necessário um maior cuidado com os termos utilizados.

[16:00 - 16:25] TC C5B1 Educação Mediada por Tecnologias e Formação de Professores


Professora Ymiracy Polak, apresentou uma dissertação de mestrado já qualificada de sua aluna Sandra Maria Araújo, intitulada Educação Mediada por Tecnologias e Formação de Professores. Ela fez um panorama sobre a educação formal, os desafios da aprendizagem aberta e mediada, sobre a múltiplas funções da educação continuada na docência, a educação continuada com fundamento pela docência e dos riscos e conseqüências dos usos das TIC.
Ymiracy enfatiza que é impossível trabalhar com EAD, sem saber quais são as necessidades de sua clientela e que os projetos implementados devem ser diferentes e de acordo com as características da região. Ao se implementar um curso à distância é preciso se pensar num curso que vá interferir na cultura. Um modelo de qualidade e ética. Abre uma discussão e reflexão sobre o seguinte questionamento: O que é ser presencial? Fala-nos sobre a situação atual que é de construção e reconstrução do conhecimento, sendo esta a postura exigida pela EAD. E que para se trabalhar com EAD, faz-se necessário uma formação adequada. Não apenas a apropriação técnica, mas sobretudo a leitura crítica das TIC. Assim, espera-se neste processo de formação que o professor seja pesquisador, registre seus trabalhos, teorize a prática num trabalho colaborativo e multidisciplinar, sem esquecer que a EAD tem uma função política, social e econômica.

The Hole in the Wall - Effects of Remoteness and Technology on Children's Education

Quarta, 04/09, auditório, sessão de 10h às 12h

Sugata Mitra – Índia - New Castle University – UK

O Prof. Sugata trabalhou por 40 anos em Nova Deli, na Índia. Nos últimos 8 anos realizou uma série de experimentos que foram chamados “The Hole in the Wall” (o buraco na parede). Em sua fala aborda as seguintes partes de um “quebra cabeça”:

O conceito de 'remoteness' (no sentido de distância / exclusão social e econômica). Quanto mais distante das grandes cidades, piores os resultados de avaliações, conforme avaliações feitas com crianças da periferia de Nova Deli. Segundo Sugata, a qualidade da educação básica se reduz com a distância em todos os sentidos (física, econômica e social), portanto é necessário criar um sistema alternativo de educação primária.

O segundo conceito é o de 'self organizing systems', sistemas que se auto organizam, como engarrafamentos, equipes de produção de software livre, rebeliões etc. Pergunta: será possível criar sistemas que se auto-organizam em Educação?

Terceiro conceito, que foi menos desenvolvido em sua fala: crianças e valores. Afirmou que valores são adquiridos (em contato social), enquanto doutrinas e dogmas são impostos.

Logo em seguida apresentou seu famoso experimento em Kalkaji. Perto de seu escritório havia uma favela, do outro lado de um muro. Colocou através de um buraco no muro a tela de um micro, com um touch pad. Em alguns minutos um menino aprendeu a operar o touch pad e a navegar na web. Amigos se juntaram a ele e ao final do dia 70 crianças aprenderam, ajudando umas às outras, a navegar na web, mesmo com todas as interfaces em inglês.

O experimento foi repetido em outras regiões da Índia, África e Ásia, com resultados semelhantes: crianças são capazes de se se auto-ensinar a navegar na web, mesmo sem saber inglês inicialmente.

Curiosidades:
- Em 3 meses, certo grupo pediu a Sudata um processador mais rápido e um mouse melhor para poderem jogar.
- Aprenderam 400 palavras em inglês, quando não conheciam nada do idioma. Decodificaram o alfabeto ocidental a partir de um site que oferece tal informação.
- Passaram a falar inglês com o sotaque dos áudios presentes nos sites que visitavam.
- Ao final de 9 meses um grupo de 300 crianças já sabia: navegar na web, fazer buscas, usar email, baixar mp3, baixar vídeos, usar softwares de escritório, sem a ajuda de professores formais, e a partir de um único micro disponível na rua, fora da escola.

Sugata dá seu recado: 'Let it happen' (deixe acontecer.

No momento, na University of New Castle, pesquisa se resultados semelhantes podem ser obtidos em áreas como Geografia, Matemática etc.

Está empenhado em uma parceria entre designers do UK e técnicos na Índia para o desenvolvimento de tecnologias que permitam expandir esse tipo de aprendizagem.

Sugata afirma que métodos que promovam sistemas de auto-organização em educação poderiam chegar a todas as crianças do mundo em 10 anos.

A seguir slides e vídeo publicados com sua permissão.

http://www.slideshare.net/regist/the-hole-in-the-wall/1

http://www.slideshare.net/regist/remoteness/

http://www.slideshare.net/regist/self-organizing-systems/

http://www.slideshare.net/regist/values




Sugata Mitra fez uma palestra semelhante em outro evento. Vale conferir o vídeo:

Lift - A conference about the challenges
and opportunities of technology in our society
7-8-9 February 2007 Geneva, Switzerland

Sessão Paralela – 04/09 Michael Eraut - Inglaterra

Why is practical knowlege so complex?

Michael inicia compartilhando sua felicidade com a oportunidade de fazer parte deste evento para socializar idéias e compartilhar conhecimento em vários contextos. Sua palestra consiste em evidenciar um foco prático da aprendizagem, pois estamos acostumados que esse processo ocorra apenas em universidades.
Quem tem conhecimento são as pessoas que praticam, e não obrigatoriamente são professores. Então ele questiona:
Como compartilhar esses conhecimentos?
Como as universidades podem dar apoio a este conhecimento?
Muitas vezes o conhecimento está contextualizado em outros lugares, e as universidades ainda são os principais meios de transmissão desse conhecimento.

A rotina facilita as ações e a produtividade aumenta. As práticas mudam e a rotina tem que mudar. As pessoas fazem atalhos nas rotinas pra economizar tempo, mas infelizmente alguns atalhos reduzem a eficácia da rotina ou suas ações terão menos efeito. Mudança é um problema, tem que desaprender as rotinas antes de aprende-las novamente.

Transferência entre contextos - Contexto acadêmico e contexto prático. Deve haver uma conexão entre o que se aprende na universidade com a vida prática. Metade das pessoas que possuem um diploma universitário não utilizam o que aprenderam. Precisamos transferir o que aprendemos para uma nova situação, interpretar e transformar o conhecimento adquirido na universidade para a necessidade.

Em volta de tudo isso há a questão da cultura. O ponto importante é que as pessoas que estão gerenciando devem facilitar a aprendizagem no ambiente de trabalho, melhorando a qualidade. As relações se constroem aos poucos, são feitas devagar, sem grandes saltos, se constroem pouco a pouco, pois as pessoas não são iguais.

[04/09 14h-15h] – “Tutoria ou Formação?” - Silvia Fichmann, USP

A profa. Silvia questionou o uso do termo tutor na EAD. Propôs o termo formador mediador. Tutor é a pessoa encarregada de tutelar alguém. Formador é a pessoa encarregada de dar forma à experiência de aprendizagem, educar, aperfeiçoar. Formar é buscar contornos nos sujeitos, identidades. Mediador é aquele que intervem, articula, organiza e estimula a interação, o diálogo. Abordou o processo de co-formação e da formação transdisciplinar. Discutiu o papel a formação de formadores em EAD: gerar agentes de mudança, de promoção da aprendizagem ativa e colaborativa entre os educadores. Discutiu o papel da mediação: facilitar a aprendizagem; articular o conhecimento; orientar a aprendizagem; instigar reflexões. Também falou que os papéis dependem dos objetivos e conteúdos de aprendizagem, público-alvo e estilo dos aprendizes, entre outros fatores. É preciso também identificar os papéis e níveis de interação dos participantes: há os visitantes, os iniciados, os participantes regulares, os líderes e os participantes seniores.

Dia 4/9 [13:00-13:30] Interfaces Digitais na Educação - @lucinações consentidas



Esta foi na verdade uma breve apresentação do livro "Interfaces Digitais na Educação - @lucinações consentidas", realizada pela própria autora, a Prof.ª Brasilina Passerili.

Muito simpática, a professora navegou por uma apresentação com design caprichado pelos capítulos do livro. (faça o download da apresentação)

Esse tabalho é originário de sua tese de livre-docência, porém o texto passou por um tratamento editorial a fim de tornar a leitura mais agradável.

O tema central é o estudo das comunidades virtuais de aprendizagem a partir da experiência de quatro projetos implantados e coordenados por Passareli: o Jornal Tô Ligado, Conexão Escola, Nexus e Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de Prática.

Pelas páginas que já li, considero uma obra de leitura obrigatória para todos aqueles que enxergam nas comunidades virtuais de aprendizagem uma possibilidade de fomentar a construção coletiva do conhecimento, seja em nível formal, não-formal ou informal.

Sessão plenária - Mohammed Ally


Reaching New Learners Through the Use of Emerging Technologies

Mohammed Ally falou com muito entusiasmo sobre o uso de tecnologias emergentes na educação. Educação é um direito universal. Se impedimos o acesso à educação estamos criando uma inanição intelectual, que – na visão de Ally – é tão ou mais grave que a inanição corporal, A EaD tem um papel fundamental de acesso à educação e podemos fazer isto com auxílio das tecnologias emergentes. EaD e tecnologias emergentes são essenciais para enfrentar três grandes problemas mundiais. o analfabetismo, a falta de acesso à informação e ao material didático, a falta de comunicação entre pessoas no mundo.

Para Ally, tecnologias emergentes, como redes sem fio, deveriam ser mais usadas para conectar pessoas e pequenas cidades no Brasil. Da mesma forma, elas podem ser empregadas na formação e capacitação para o mercado de trabalho. Ao longo do tempo, as novas tecnologias sempre foram adaptadas às necessidades da sociedade. Na educação não deve ser diferente. O momento de pensar e de se preparar é agora.

Em sua apresentação, Ally mostrou um dispositivo semelhante a uma caneta, que assume a forma de tripé. O dispositivo projeta uma tela na parede e um teclado sobre a mesa. Tudo o que é digitado na mesa (teclado virtual) é projetado na parede (tela virtual). Outro dispositivo, que Ally trouxe consigo, é um computador de bolso, que pode ser usado como PDA. O teclado é muito pequeno, mas ele diz que em breve será possível projetar o teclado e a tela. Teclados e telas virtuais são o futuro da tecnologia móvel. Psicólogos já estão preocupados se teremos também humanos virtuais, que podem ser chamados e “desligados” com um simples toque em um botão.

Ally também falou sobre o Laptop de 100 dólares como forma de inclusão digital. Mas ele é mesmo fascinado pelas “maravilhas tecnológicas” que podem ser carregadas no bolso e pelo uso da tecnologia móvel na educação. Em breve, a biblioteca chegará pelo celular, diz ele. E já há vários experimentos na área. Se nossa realidade brasileira permite a disseminação destas tecnologias e se o aprendizado precisa ser sempre “mobile”, são questões que precisam ser ainda refletidas.

[13h-13h25] TC F3A1 140 - “EAD no Brasil: evolução da produção científica” - Elaine Santos, USP São Carlos

Elaine apresentou um levantamento de artigos sobre EAD em português, produzidos entre 1997 e 2007, recuperados pela base Scielo e por outras bases de dados. O levantamento também identificou 249 grupos de pesquisa sobre EAD e 29 grupos sobre e-learning.